Em nosso Grand Tour passamos 6 dias na Jordânia. Segue abaixo as impressões da escritora Lídia Izecson Carvalho, participante de nossa viagem de imersão cultural pela Jordânia.
“ Chegar na Jordânia e cair direto em Petra é se apaixonar à primeira piscada pelos Nabateus, povo entalhado no arenito de 2 mil anos. É entrar em salões escavados nas rochas de muitas cores, nas cavernas e tumbas majestosas; é se perder em uma cidade escondida pensando nas caravanas atravessando o Egito e a Península Arábica. Mas aqui as distâncias se medem com palmos e logo me encontro no deserto de Wadi Rum. Camalos espiam dezenas de montanhas que espetam o céu, enquanto segredam para a lua cheia que nesse lugar rodaram um filme recente. Que me interessam os filmes se posso sair da tenda onde vou passar a noite e ser eu mesma a protagonista? Homens lindos com seus turbantes e olhos de cajal me servem azeitonas negras, falafels, pastas de grãos aromáticos. São muitos, e até cantam e dançam em roda. Mas… onde estão as mulheres? pergunto. Já em Aman, tb não as vejo. Onde se escondem? Devem estar em casa cortando cebolas, me diz o guia. Fico em sossego pois sei que elas, enquanto tiram as camadas das cebolas, arquitetam projetos e tecem a rede solidária e firme que os fará acontecer. Talvez com a ajuda da rainha Rânia. Sim, ela existe e também um rei jovem de quem todos falam e se orgulham. Continuo a caminhada e chego na Cidadela e na magnífica Jerash, cidade romana quase intacta, com dezenas de colunas que ancoram templos dos deuses, arenas imensas, salões a perder de vista. Na volta, através do vidro do ônibus, vejo milhares de prédios enfileirados, quase esmagados uns contra os outros, caixas bege com janelas pequenas onde as vidas se encontram. Moram alí os jordanianos e aqueles que vieram se refugiar nesse país. São palestinos, iraquianos, libaneses, sírios, iemenitas e tantos outros. Os homens fazem as guerras ou as guerras fazem os homens? Aqui nessa região tão conflagrada procuro respostas sabendo que não vou encontrá-las, talvez me reste apenas torcer. Por uma paz verdadeira e duradoura. Oxalá!!